segunda-feira, 24 de junho de 2013

Fabricantes de trens urbanos aquecem o mercado

Fonte: Valor Econômico



Os novos projetos de mobilidade urbana baseados nos variados sistemas de transporte sobre trilhos impulsionam um grande volume de negócios no país. Operadores públicos e privados estão fazendo grandes encomendas a oito empresas instaladas no país - Alstom, CAF, TTrans, IAT, Siemens, Iesa, Bombardier e Scomi, da Malásia, representada pelo grupo MPE, segundo Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). A capacidade total dessas empresas é de 1 mil carros por ano e as encomendas vão de trens de metrô a trens urbanos, monotrilhos e outros equipamentos. De acordo com a ANPTrilhos, o Brasil tem mais de R$ 100 bilhões em projetos metroferroviários, incluindo veículos leves sobre trilhos (VLTs). 

Até 2020, conforme cálculo de Abate, serão mais 3 mil quilômetros de sistemas sobre trilhos, incluindo linhas de trem entre cidades e o trem-bala, entre São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. O número de passageiros transportados diariamente sobre trilhos, hoje de cerca de 7, 7 milhões passageiros, conforme a ANPTrilhos, deve atingir perto de 10 milhões por dia útil em 2015, segundo a Abifer, nível dos anos 1960. "Vamos resgatar o transporte sobre trilhos e todos esses projetos vão demandar equipamentos, sinalização, eletrificação e telecomunicações", diz Abate. Segundo ele, o ritmo de produção vem se acelerando desde 2007. Na década atual, deverão ser produzidos 4 mil carros, ante 1.930 unidades fabricadas na década passada. Para 2013, são previstos entre 350 e 400 carros. 

Os recursos proveem de diversas fontes, como os vários Programas de Aceleração do Crescimento (PACs), orçamentos federal, estadual e municipal e de instituições multilaterais, como o Banco Mundial. No maior mercado, o paulista, a Secretaria de Transportes Metropolitanos está investindo cerca de R$ 45 bilhões até 2015, entre recursos próprios, do Banco Mundial, BID e Banco do Japão, para a criação de 13 novas linhas, aquisição de material rodante, troca de sistema de sinalização, sistemas de energia e reforma da frota operante do Metrô e das linhas de trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). 

Na área de projetos, a Odebrecht Transport elaborou o traçado e estudo de demanda futura da Linha 6-Laranja do metrô paulista, projeto que será executado por uma parceria público-privada (PPP), modelo já adotado na Linha 4-Amarela. 

A volta dos trens regionais, intenção do governo federal e projeto do governo paulista, constituirá outra frente de negócios. O governo de São Paulo aprovou, em novembro de 2012, uma PPP para a construção de quatro linhas de trens expressos regionais, ligando São Paulo a 14 cidades do interior do estado, num total de 431 quilômetros de trilhos. O projeto contará com investimentos de R$ 18,5 bilhões, dos quais R$ 12,5 bilhões por parte da iniciativa privada e R$ 6 bilhões da contrapartida do governo paulista. 

Com velocidade de 160 quilômetros por hora e poucas paradas, os novos trens constituirão uma ligação rápida alternativa ao transporte rodoviário na macrorregião metropolitana de São Paulo. Os trajetos São Paulo-Santos, São Paulo-Jundiaí e São Paulo-Sorocaba serão operados pela CPTM e demandarão cerca de R$ 12 bilhões, boa parte dos quais oriunda da iniciativa privada. A CPTM vai implantar também uma linha com poucas paradas entre a estação Brás do Metrô e o aeroporto de Guarulhos. 

Metrofor - Linha Leste

Fonte: Piniweb

Segundo divulgação da Comissão Central de Concorrências da linha Leste do Metrô de Fortaleza, Ceará, dos cinco concorrentes para a construção do sistema, quatro consórcios foram habilitados para os serviços. As obras da Linha Leste, que terá 12,4 km de extensão, integra o Programa "Mobilidade Grandes Cidades", do Governo Federal, que garantiu recursos da ordem de R$ 2 bilhões o projeto, sendo R$ 1 bilhão do Orçamento Geral da União e R$ 1 bilhão financiados pela Caixa Econômica Federal. O menor preço não poderá ser superior a R$ 2,5 bilhões.

A linha Leste terá as seguintes estações: Sé, Luíza Távora, Colégio Militar, Nunes Valente, Leonardo Mota, Papicu, HGF, Cidade 2.000, Bárbara de Alencar, Centro de Eventos e Edson Queiroz. Além dessas, haverá integração com as linhas Oeste e Sul na estação central Chico da Silva, totalizando doze estações.

Os consórcios Cetenco-Acciona (Cetenco Engenharia e Acciona Infraestructura); Mendes Júnior-Soares da Costa-Isolux (Mendes Júnior Trading  e Engenharia, Sociedade de Construções Soares da Costa S.A do Brasil e Isolux Projetos e Instalações); Consórcio Metrofor (Construtora Andrade Gutierrez, Construtora Norberto Odebrecht Brasil e Serveng Civilsan-Empresas Associadas e Engenharia); e Mobilidade Urbana (Construções e Comércio Camargo Corrêa, Construtora Queiroz Galvão e Construtora Marquise) foram habilitados.


Já o consórcio Construcap-Copasa Linha Leste (Construcap CCPS Engenharia e Comercio e Sociedad Anonima de Obras y Servicios - Copasa) foi declarado inabilitado, mas poderá recorrer da decisão.
Somente após essa etapa será definida a dada de análise das propostas de preços da obra. As tuneladoras estão sendo fabricadas em Xangai, na República Popular da China.

As obras da Linha Leste deverão começar ainda no segundo semestre desse ano.

Monotrilho do ABC

Fonte: Diário do Grande ABC

Innovia Monotrilho 300, modelo que será fornecido para a Linha 15-Prata do metrô, estará na concorrência da PPP (Parceria Público-Privada) que construirá a Linha 18-Bronze, projeto que ligará o Grande ABC ao sistema metroviário de São Paulo.
A convite da Bombardier, fabricante do trem, a equipe do Diário foi a Kingston, no Canadá, para conhecer a planta onde são realizados os últimos testes do monotrilho que conectará a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, na Zona Leste da Capital.
A empresa já adiantou que tentará vencer a licitação para fornecimento do sistema do monotrilho do Grande ABC, que passará por São Paulo, São Caetano, Santo André e São Bernardo. E o governo do Estado assegurou que o desempenho do veículo na Capital servirá como critério técnico para definir a empresa responsável por tirar do papel a junção da região com o metrô.
Do consórcio que triunfou no certame da Linha 15-Prata por US$ 1,44 bilhão, Bombardier e Queiroz Galvão afiançaram que encaminharão propostas ao Metrô para atuar na Linha 18-Bronze. Pelo grupo Bombardier/Queiroz Galvão/OAS, as duas últimas ficam com as obras civis, como a construção dos pilares de sustentação do trem.
O modelo Innovia Monotrilho 300 será implementado, a princípio, em São Paulo e na cidade de Riad, na Arábia Saudita. Tecnologias mais antigas da Bombardier já estão presentes nos sistemas metroviários de Tampa Bay, Jacksonville e Las Vegas, nos Estados Unidos.
Além de know-how mundial, a Bombardier garante reposição de peças dos trens emfuncionamento. Para isso, investiu US$ 15 milhões na construção de fábrica em Hortolândia, interior de São Paulo. É lá que já são desenvolvidos os carros utilizados na Linha 15-Prata, com aval dos técnicos da empresa francesa.
DETALHAMENTO
Com estimativa de acolher até 150 passageiros por carro, o Innovia Monotrilho 300 possui sistema de tração elétrica e sustentação por pneus sobre vigas de mais de 60 metros de altura e sem condutor. O principal diferencial, segundo o vice-presidente da Bombardier, Alain Aumais, é a redução de peso e acréscimo de desempenho.
Pesando 14 toneladas por composição, o modelo foi projetado sem preenchimento de espaços ociosos, o que, segundo a empresa, diminuiu em 30% o peso total. O trem, mais leve, pode alcançar 80 km/h, embora a velocidade média de atuação na Linha 15-Prata deva ser de 40 km/h. Além disso, possui sistema de recuperação de energia com frenagens.
A fabricante promete ainda cortar ao máximo a emissão de ruídos. Como o sistema é elevado, há preocupação de poluição sonora perto de residências e prédios. Mas a empresa diz que o som do monotrilho, para quem estiver fora do trem, será de 20 decibéis, equivalente ao sussurro de um humano.
A estrutura interna não é a praticada em sistemas de monotrilho espalhados pelo mundo. Cada carro tem dois motores, um à frente e outro no fim da estrutura, que são acoplados internamente na cabine. Essa metodologia permitiu redução da altura do trem, melhorando a performance nas curvas, pois a força da gravidade também é menor.
Primeiro itinerário do mundo a receber o Innovia Monotrilho 300, da fabricante francesa Bombardier, a Linha 15-Prata tem previsão para entrar em operação no primeiro trimestre do ano que vem, com ligação de duas estações: Vila Prudente e Oratório, ambas na Zona Leste, margeando a Avenida Anhaia Melo, e fazendo conexão direta com a Linha 2-Verde do Metrô.
O trajeto ainda comporta mais 15 estações, passando por São Lucas, Sapopemba, São Mateus, Avenida Jacu-Pêssego e Cidade Tiradentes. A etapa de São Mateus tem previsão de entrega para fim de 2014, com 27 trens disponíveis. Todo o trecho tem estimativa de funcionamento completo em 2016.
Ainda neste ano, o governo do Estado deve colocar em atividade, em fase protocolar, a ligação entre Vila Prudente e Oratório. O período será de testes e adaptação, com horários reduzidos.
A obra vai consumir investimento de US$ 1,44 bilhão, terá 24 quilômetros de extensão e 17 estações no total. Serão também 54 trens disponíveis a partir de 2016, com sistema automático, sem condutor, a exemplo do que está instalado na Linha 4-Amarela.
Há expectativa de atender 48 mil passageiros por hora, com promessa de redução drástica no tempo de viagem. Hoje o percurso de Cidade Tiradentes à Vila Prudente demora mais de duas horas. A Bombardier, com seu Innovia Monotrilho 300, assegura percorrer a mesma distância em 50 minutos.
As vigas de concreto, já colocadas em boa parte da linha, têm 60 metros de altura. As estações também ficarão em superfície. Segundo o governo do Estado, a metodologia permite a agilidade na obra, sem necessidade de desapropriação em massa ou perfuração do solo em larga escala. Em contrapartida, o monotrilho não oferece a mesma capacidade de transportar pessoas que o metrô.
De acordo com cálculos da Bombardier, a adoção de metrô convencional estenderia o projeto para mais de 2020, com previsão de dobrar os gastos.
Veículo é testado no Canadá e fabricado em Hortolândia
Com menos de 20 funcionários na linha de produção, a fábrica da Bombardier em Kingston, no Canadá, é responsável por todos os testes no modelo que será levado à licitação para a Linha 18-Bronze, que acolhe o Grande ABC.
A planta possui quatro pistas, com diferentes nivelações e inclinações, e compartimento para aferição de qualidade e impermeabilidade. Há também sistema de simulação de quebras, para verificar o comportamento do veículo em situações de emergência.
Toda a produção dos trens que estarão na Linha 15-Prata fica em Hortolândia, cidade próxima a Campinas. São 250 funcionários que atuam num espaço que demandou investimento de US$ 15 milhões da empresa.
A Bombardier afirmou estar munida para repor peças danificadas. Parte dos produtos será disponibilizada por fornecedores.
Amortecimento permite ir em pé, mesmo em curvas acentuadas
Em Kingston, a equipe do Diário andou no modelo de testes do Innovia Monotrilho 300. Numa área de 5.900 quilômetros quadrados, onde está instalada a planta de projeções da Bombardier, o monotrilho que pode chegar ao Grande ABC fez o percurso de ida e volta na pista por dez vezes, durante 20 minutos.
Ainda sem todos os acabamentos do carro – até porque equipamentos de testes estão à disposição dos funcionários, o que não estará aos passageiros –, o trem alcançou a marca de 78 km/h na reta e, em curva, chegou a 67,5 km/h. O sistema de suspensão permite que o passageiro consiga acompanhar a viagem em pé, sem sequer segurar em hastes de proteção, inclusive na curva.
Na parte interna há pouco espaço, em comparação ao metrô paulistano. Mas o monotrilho da Linha 15-Prata adotará a mesma fórmula da Linha 4-Amarela, em que a transposição de composições pode ocorrer internamente.
O barulho dos motores também incomoda, porém, a fabricante garantiu que o ruído será minimizado com sistema a ser instalado com o carro completo.
Responsável pela obra civil, a Queiroz Galvão disse que adotou sistema diferenciado na junção das vigas, o que deixará imperceptível a transição para quem utilizar o veículo.