quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Odebrecht TransPort


O braço de atuação em transportes e logística do grupo Odebrecht está negociando com investidores nacionais e internacionais a injeção de mais capital na empresa. Atualmente, a carteira do grupo no setor exige investimentos totais de R$ 25 bilhões. E esse número pode dobrar nos próximos anos.

O diretor-presidente da Odebrecht TransPort, Paulo Cesena, diz que a companhia já está negociando com potenciais novos sócios, sendo que a porcentagem exata de uma venda da companhia ou de uma unidade de negócios ainda está sendo discutida. "São investidores compatíveis com o negócio de longo prazo, porque temos ciclos que podem levar 10 anos [para gerar retorno]", disse o executivo ao Valor, descartando negociar ações em bolsa no curto prazo.

Até hoje, o capital aportado na Odebrecht TransPort, criada há dois anos, veio de apenas dois investidores. Do próprio grupo Odebrecht, que tem 70% das ações da subsidiária; e do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), que comprou 30% da companhia em outubro de 2010.

Cesena afirma que a companhia já tem o capital necessário para a atual carteira de investimentos, que estão sendo realizados em torno de 12 ativos - em três segmentos: rodovias, mobilidade urbana e logística. O novo sócio entraria para apoiar o novo ciclo de investimentos.

Os planos de expansão da Odebrecht TransPort não se limitam aos editais de licitação publicados pelo poder público, tradicionais alvos de interesse, mas também envolvem a elaboração de propostas de manifestação de interesse (PMI) - que podem acrescentar mais R$ 25 bilhões em investimentos para a companhia nos próximos anos.

A empresa elabora atualmente estudos de oito projetos surgidos por meio de PMI, que serão entregues ao poder público e podem se transformar em contratos de concessão ou PPP após um processo de licitação. Caso todos os projetos sejam aprovados e caso vença todas as licitações, a Odebrecht TransPort passará a ter uma carteira de projetos que somam R$ 50 bilhões em investimentos.

Um dos estudos em execução é para o metrô paulistano, administrado pelo governo do Estado. Trata-se da Linha 6-Laranja, um projeto de bilhões que cortará a zona Oeste da capital.

A companhia já possui duas operações de transporte de passageiros sobre trilhos no portfólio atual: uma participação indireta de 15% na ViaQuatro (controlada pela CCR), que opera uma linha do metrô paulistano; e o controle da Supervia, concessionária de metrô na cidade do Rio de Janeiro.

Na operação carioca, terão que ser investidos R$ 1,2 bilhão até 2020 - R$ 250 milhões já foram realizados. Para cortar custos, a companhia negocia com a fabricante Alstom a implantação de uma fábrica de trens no Rio de Janeiro, junto aos trilhos da Supervia. "Porque daí consigo trens mais baratos. Hoje, pela estrutura tributária, pode ser 40% mais caro comprar no Brasil", diz. Outra vantagem de comprar no mercado local, afirma ele, é o período da pós-venda, quando há necessidade de manutenção dos ativos adquiridos. "Tem que haver uma cadeia de fornecimento à sua disposição. Se tiver que ficar encostado esperando uma peça chegar, eu perco faturamento", diz. O contrato de concessão dura até 2048.

Em logística, a companhia está destinando aportes à Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), ativo detido anteriormente pelo grupo Odebrecht. O empreendimento fica na margem esquerda do Porto de Santos e, em parceria com a gigante global do setor DP World e o grupo brasileiro Coimex, está recebendo aportes de R$ 2,3 bilhões com previsão de iniciar as operações em 2013.

Com capacidade para movimentar anualmente 2 milhões de contêineres de 20 pés (TEU, na sigla em inglês) - o mesmo que o terminal da Santos Brasil, o principal no litoral paulista -, o terminal da Embraport registrará um faturamento de R$ 700 milhões em 2015.

Outro investimento nesse segmento é o de R$ 127 milhões até o fim do ano que vem na Liquiport, para mais que triplicar a capacidade do terminal de líquidos de Vila Velha (ES) para 73 mil metros cúbicos. O objetivo é atender a cadeia química e de combustíveis. Fecha a carteira nesse segmento a participação de 20% na Logum, empresa que tem dentre os sócios a Petrobras e que irá operar um complexo logístico para etanol.

Por enquanto, rodovias é o segmento de atuação que mais gera caixa à companhia. Um faturamento de R$ 600 milhões é registrado ao ano só na subsidiária Rota das Bandeiras - concessionária de quase 300 quilômetros do Corredor Dom Pedro I, no interior de São Paulo, em um contrato de 30 anos. Em 2015, serão R$ 900 milhões nessa mesma estrada, segundo as projeções da companhia.

Ao todo, a receita líquida da Odebrecht Transport em 2011 foi de R$ 1,07 bilhão - praticamente o dobro de um ano antes. Segundo Cesena, ao fim deste ano as receitas devem crescer para R$ 1,6 bilhão.

Fontes : 
Jornal Valor Econômico

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