
Prefeitura recusou propostas de consórcios | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
A prefeitura de Porto Alegre anunciou nesta segunda-feira (15) que irá lançar um novo processo de Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) para a construção do metrô na cidade. Isso ocorre porque a prefeitura recusou as duas propostas apresentadas na PMI anterior pelas empresas Invepar/Odebrecht e Brusten P.M. A segunda foi desclassificada por não seguir as orientações do processo, conforme informou o prefeito José Fortunati (PDT), em coletiva de imprensa no Paço Municipal. Já a proposta da Invepar/Odebrecht foi desconsiderada em função de ter apresentado um custo de cerca de R$ 9,5 bilhões para a execução da obra, valor muito superior aos recursos que a prefeitura possui em parceria com o governo estadual e federal que somam R$ 3,85 bilhões.
O custo da obra ficou alto em função do modelo de construção escolhido pela prefeitura, chamado de Shild ou ‘tatuzão’. Segundo Fortunati, a opção por esse método ocorreu em função das vantagens que ele apresentava sobre o outro modelo disponível – chamado Cut and Cover(corta e cobre). O ‘tatuzão’ tem a característica de ser executado em escavação profunda, sem necessitar então de intervenções na superfície, o que causa menos impacto urbano. “As pessoas nem percebem que está acontecendo a obra”, explicou Fortunati. Nesse modelo, a obra ocorreria a 20 metros abaixo do solo. Consequentemente, as estações teriam que estar localizadas a 4 níveis abaixo do solo, fato esse que encareceu consideravelmente a obra.
Com isso, a prefeitura decidiu que na nova Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) as empresas terão que apresentar projetos sobre o modelo Cut and Cover (corta e cobre), que foi inicialmente rejeitado. Esse método possui um custo de execução muito mais baixo. Por outro lado, causa prejuízos para a sociedade, durante a sua execução, pois é realizado no meio da via, o que irá acarretar o estreitamento das ruas e prejuízos no trânsito. Outro desvantagem desse modelo é de que a obra corta todos os equipamentos existentes no local como água, esgoto, cabo telefônico, internet, entre outros. Tudo tem de ser cortado e depois refeito.

José Fortunati disse que o custo total proposto pela Invepar/Odebrecht poderia ser reduzido, mas ainda assim seria impraticável. “Apesar da disposição de todos os parceiros envolvidos o valor acabou se tornando inviável. Mesmo com todas as reformulações que poderíamos fazer, os R$ 9 bilhões poderiam ser baixados até R$ 6 bilhões e ainda estaríamos muito acima do que temos de recursos”, disse.
O prefeito lamentou o fato de terem que alterar o método de construção. “Conversei com a presidenta Dilma e com o governador Tarso e a partir de agora vamos redimensionar a nova PMI no processo Cut and Cover. Não é o melhor para a sociedade, mas é o que permite que a cidade venha a construir um metrô. O sonho de qualquer gestor é que fizéssemos o ‘tatuzão’, mas infelizmente isso acabou não acontecendo”.
Representante do governo do Estado, o Secretario de Planejamento João Motta, afirmou que o governo concorda com a medida tomada pelo prefeito José Fortunati. “Concordamos pela questão do custo inviável para o governo do estado. Acreditamos que hoje avançamos uma etapa decidindo a metodologia, o que trará transtornos para a população, mas é a real condição que nós temos”.
Secretário Urbano Schmitt nega que metrô volte à estaca zero

“A PMI foi um sucesso para nós”, defendeusecretário de Gestão e Acompanhamento, Urbano Schmitt | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
O secretário de Gestão e Acompanhamento, Urbano Schmitt, afirma que as empresas poderão nos próximos dias demonstrar seu interesse em realizar a obra do metrô, agora sob o modelo Cut and Cover. Na última PMI, as empresas podiam apresentar propostas a partir do dia 19 de setembro de 2012, tendo prazo final para entregar até o dia 7 de fevereiro deste ano. De acordo com o secretário, dessa vez, o prazo será menor, em função de já haver um estudo preliminar.
Conforme Schmitt, a realização de uma nova PMI não significa que o metrô volte à estaca zero. “Todo o estudo será reutilizado no que diz respeito a viabilidade, processo de integração, estudo de operação e estudo de demanda. Apenas o conceito de construção será mudado. A PMI foi um sucesso para nós”, defendeu. O secretário espera que a nova proposta não supere os cerca de R$ 3 bilhões, que o poder público dispõe. “Vamos trabalhar em cima dessa proposta”, disse.
Outra expectativa de Schmitt é de que haja um maior interesse de empresas para executar a obra. Na primeira PMI, eram esperadas cinco empresas e apenas duas apresentaram propostas. “Com mais informações, a partir do estudo já realizado, será mais fácil para que apareçam mais empresas interessadas no projeto”, prevê.
O início das obras, no cronograma anterior, previa as datas entre o final de 2013 e início de 2014. Com a mudança, o secretário preferiu não estipular nenhum novo cronograma. Segundo ele, só será definido um novo cronograma quando houver nova contratação de consórcio. “Até lá não dá para estabelecer prazos”, conclui.
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